The Shining
Direção: Stanley Kubrick
EUA - 1980
120min
No assombroso Hotel Overlook muito se pode observar através da riqueza de significações que O Iluminado (1980) trás. Antes de Jack Torrance estar manco, despenteado, com cara de louco gritando anciosamente por Danny no labirinto cercado de neve, ele mostrava ser apenas um pai e marido intolerante, irônico e impaciente. O filme dirigido por Stanley Kubrick criou a mise en scène baseada na ambigüidade, confusão e isolamento; características essas, demonstradas constantemente pelos personagens. A ambieguidade é causada logo pelo nome dos personagens Danny e Jack Torrance, que são os mesmos dos atores (Danny Lloyd e Jack Nicholson).
O objeto mais importante e que mais retrata o discurso do filme é o espelho. Ele “mostra” claramente o duplo sentido que o filme trás; como na cena em que Wendy entra no quarto e Jack está deitado na cama, dormindo. Quando a câmera abre, percebe-se que o que estava sendo filmado na verdade era o reflexo de Jack, e logo depois a câmera fecha novamente e assume aquele reflexo como sendo o próprio personagem.
A câmera e o som são altamente importantes para a construção do filme. O som é constantemente tenso e perturbador. Ele muitas vezes antecipa o susto e anuncia que algo irá acontecer, mantendo o espectador ansioso e inquieto. Um bom exemplo da junção desses dois aspectos é a cena feita em stedycam de Danny andando no triciclo nos corredores do hotel preenchidos por coloridos espaços com tapete e sem tapete.
No início do filme, o som e os amplos cenários aumentavam a sensação de isolamento e solidão, como na cena em que Jack está sozinho na sala enorme, e se ouve apenas o som forte da digitação. Porém, no final do filme o sentido já não pertence ser o mesmo. Agora esses espaços abertos são mais propícios para a caça de Jack ser mais interessante, e a fuga de Danny e Wendy, mais difícil. Esses espaços abertos se contrapõem com a cena final do labirinto, no qual é pequeno e escuro, não permitindo Jack ter o controle da perseguição.
Muitas cenas de O Iluminado ajudam a criar e a intensificar a ambigüidade e a capacidade imaginativa dos personagens e do espectador. O momento que Jack lança uma bolinha contra a parede, se torna muito mais significativo por ter plantado no espectador a curiosidade do que seria aquele som – que a principio, parece qualquer coisa, menos uma bolinha sendo arremessada. A primeira cena de Wendy e Danny no labirinto também dá espaço para o imaginário. Afinal, aquele labirinto é também uma maquete, no qual Jack consegue controlá-los. A palavra REDRUM escrita por Danny/Tony é construída de maneira ambígua e também intensifica a duplicidade dos personagens e suas reais intenções.
O momento “divisor-de-águas” acontece quando Jack acorda do sonho que teve. A partir dali surge os conflitos entre sonho x realidade e loucura x sanidade. O protagonista já não é apenas um homem intolerante e impaciente com a família, é também louco com espírito assassino. As cores quentes e frias da iluminação, dos cenários e do figurino intensificam esse desequilíbrio contrastante.
Outro momento transformador e revelador do personagem, é quando Jack conversa com Delvert Grady. Enquanto este conversa tranquilamente, Jack fica cada vez mais perturbado e insano. A cor vermelha quase totalizante do banheiro tem uma referência a violência sangrenta, e aumenta o incômodo do espectador.
Com certeza uma das cenas mais marcantes do filme é o momento em que Wendy está no banheiro e Jack quebra a madeira com um machado. Quando a câmera fica de frente para a porta e Jack consegue abrir um espaço considerável; a sua machadada seguinte, ele faz olhando para a câmera, causando no espectador a sensação de ser a próxima madeira a ser acertada. Outra cena inesquecível e perfeitamente significativa e linda é aquele mar de sangue poderoso que sai da porta principal do hotel, lavando todo o chão e deixando a câmera submersa naquele vermelho intenso.
Muito do que foi falado encaixa na idéia do filme ser de gênero. Porém não se sabe ao certo qual gênero define melhor O Iluminado. Durante o filme, o suspense é predominante, pois enquanto o espectador está assistindo, fica extremamente atento e muito perturbado, mas é quando o filme acaba, que o terror se define: aquelas cenas todas se repetem no inconsciente e não deixam tranqüilos por um tempo.
O objeto mais importante e que mais retrata o discurso do filme é o espelho. Ele “mostra” claramente o duplo sentido que o filme trás; como na cena em que Wendy entra no quarto e Jack está deitado na cama, dormindo. Quando a câmera abre, percebe-se que o que estava sendo filmado na verdade era o reflexo de Jack, e logo depois a câmera fecha novamente e assume aquele reflexo como sendo o próprio personagem.
A câmera e o som são altamente importantes para a construção do filme. O som é constantemente tenso e perturbador. Ele muitas vezes antecipa o susto e anuncia que algo irá acontecer, mantendo o espectador ansioso e inquieto. Um bom exemplo da junção desses dois aspectos é a cena feita em stedycam de Danny andando no triciclo nos corredores do hotel preenchidos por coloridos espaços com tapete e sem tapete.
No início do filme, o som e os amplos cenários aumentavam a sensação de isolamento e solidão, como na cena em que Jack está sozinho na sala enorme, e se ouve apenas o som forte da digitação. Porém, no final do filme o sentido já não pertence ser o mesmo. Agora esses espaços abertos são mais propícios para a caça de Jack ser mais interessante, e a fuga de Danny e Wendy, mais difícil. Esses espaços abertos se contrapõem com a cena final do labirinto, no qual é pequeno e escuro, não permitindo Jack ter o controle da perseguição.
Muitas cenas de O Iluminado ajudam a criar e a intensificar a ambigüidade e a capacidade imaginativa dos personagens e do espectador. O momento que Jack lança uma bolinha contra a parede, se torna muito mais significativo por ter plantado no espectador a curiosidade do que seria aquele som – que a principio, parece qualquer coisa, menos uma bolinha sendo arremessada. A primeira cena de Wendy e Danny no labirinto também dá espaço para o imaginário. Afinal, aquele labirinto é também uma maquete, no qual Jack consegue controlá-los. A palavra REDRUM escrita por Danny/Tony é construída de maneira ambígua e também intensifica a duplicidade dos personagens e suas reais intenções.
O momento “divisor-de-águas” acontece quando Jack acorda do sonho que teve. A partir dali surge os conflitos entre sonho x realidade e loucura x sanidade. O protagonista já não é apenas um homem intolerante e impaciente com a família, é também louco com espírito assassino. As cores quentes e frias da iluminação, dos cenários e do figurino intensificam esse desequilíbrio contrastante.
Outro momento transformador e revelador do personagem, é quando Jack conversa com Delvert Grady. Enquanto este conversa tranquilamente, Jack fica cada vez mais perturbado e insano. A cor vermelha quase totalizante do banheiro tem uma referência a violência sangrenta, e aumenta o incômodo do espectador.
Com certeza uma das cenas mais marcantes do filme é o momento em que Wendy está no banheiro e Jack quebra a madeira com um machado. Quando a câmera fica de frente para a porta e Jack consegue abrir um espaço considerável; a sua machadada seguinte, ele faz olhando para a câmera, causando no espectador a sensação de ser a próxima madeira a ser acertada. Outra cena inesquecível e perfeitamente significativa e linda é aquele mar de sangue poderoso que sai da porta principal do hotel, lavando todo o chão e deixando a câmera submersa naquele vermelho intenso.
Muito do que foi falado encaixa na idéia do filme ser de gênero. Porém não se sabe ao certo qual gênero define melhor O Iluminado. Durante o filme, o suspense é predominante, pois enquanto o espectador está assistindo, fica extremamente atento e muito perturbado, mas é quando o filme acaba, que o terror se define: aquelas cenas todas se repetem no inconsciente e não deixam tranqüilos por um tempo.
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