sábado, 28 de junho de 2008

L.I.E. - Felipe Tavares




Direção: Michael Cuesta
EUA - 2001

95min



Dirigido por Michael Cuesta, “L.I.E” conta a trajetória de Howie, um garoto de 16 anos na cidade de Long Island.O título do filme são as iniciais de Long Island Expressway, uma rodovia perigosa onde muita gente morreu, inclusive a mãe do jovem protagonista. A perda da mãe e a ausência do pai provavelmente contribuem para a revolta e isolamento do rapaz, quando ele encontra Big John,figura importante na trama.

Existe uma profunda análise social por detrás do filme, tenha ela, características moralistas ou liberais. Uma observação da complexidade da natureza humana, ausência de estrutura familiar na educação dos jovens e os tabus da sociedade. Todos relacionados ao próprio título do filme.

A analogia da estrada absolutamente presente na narrativa pode significar a longa jornada do personagem central e as dificuldades que ele enfrentará para firmar sua própria identidade e a imagem que ele vai imprimir numa sociedade conservadora.

O filme não fala (tampouco se dispõe a falar) de homossexualidade ou pedofilia, mas acompanha o desenvolvimento do garoto Howie perante situações que até então ele desconhecia. É uma jornada de sensibilidade a que Howie participa. Uma jornada que se recusa a estereotipar as caracterizações. Afinal, quem sou eu ou você para aquilatar tais caracterizações e intenções, que muitas vezes nos surpreendem dentro da narrativa.

É tocante ver a evolução de Howie dentre essa estrada metafórica (a mesma estrada que matou sua mãe) e as atitudes ingênuas, até certo ponto nobres quando ele visita o pai na cadeia. Quer dizer, ele sai por cima, apesar de tudo, transformado.

“L.I.E”, que ironicamente (ou propositalmente) também significa “mentira”em inglês, nos leva a outras idéias de criação narrativa. A confusão e ingenuidade de Howie motivam e despertam o interesse das pessoas que estão ao redor em se aproximar dele. Quase como um oportunismo sádico que instintivamente os induz ao erro de tentar “ajudar” Howie. Em outras palavras, Howie é ludibriado pelo amigo Gary que o convence a invadir a casa de Big John, pelo próprio Big John que confunde os sentimentos do garoto e pior, pelo pai que trai a memória de sua mãe. Todos mentem, todos são falsos arquétipos.

A despeito da concepção insípida do personagem do pai de Howie, o filme se sustenta em boa parte pela atuação madura de alguns atores como Brian Cox, que interpreta Big John.

Na verdade, não há nada de inovador nas técnicas de filmagem, mas existe essa narrativa ousada de aproximação sentimental entre Big John e Howie.
Big John é o amigo e o pai que ele nunca teve. A pessoa que ele desabafa e talvez aprenda alguma coisa.

A cena em que Howie vai para a delegacia porque o pai foi preso e logo em seguida vai embora com Big John é provavelmente a que mais prova essa aproximação entre os dois.

Destaca-se também um contato espiritual de certa forma poético entre Howie e a mãe, que permeia o filme até o fim, salvando-o de um possível suicídio. Além é claro das enjoadas sacadas cômicas do cinema hollywodiano.

O filme é uma exibição corajosa que provoca a inquietação do público e discute de forma sutil a anarquia juvenil e os valores de uma sociedade conservadora. De certa forma anárquica pela displicência do meio em que vive Howie.

Apesar da coragem ainda é um filme mediano que se prende aos clichês e se priva de muitas imagens e diálogos em potencial.

2 comentários:

M. disse...

o nome do blog diz tudo, criticos de quinta categoria mesmo!

Felipe Lima disse...

Poucas vezes li uma crítica tão vazia. Como disse o camarada ali, o próprio nome do Blog já diz tudo.