sábado, 28 de junho de 2008

Corra Lola, Corra - Samara Deboni




Lola Rennt
Direção: Tom Tykwer
Alemanha – 1998
80 min




Lola recebe a ligação de seu namorado desesperado, Manni. Ele faz parte de uma quadrilha de foras-da-lei e neste dia carregava uma grande quantidade de dinheiro em uma sacola. Manni precisava devolver o dinheiro em 20 minutos para não pagar com sua própria vida. O filme brinca com o tempo e conta algumas vezes a mesma história só que com pequenas alterações no percurso que acabam fazendo grande diferença no resultado final. Corra Lola, Corra nos oferece três versões.

Não acredito que o filme tenha muitas características que poderiam enquadrá-lo no gênero suspense, mas principalmente ao som cabe essa colocação. Em Corra Lola, Corra o som e a trilha musical desempenham o mesmo papel do som e trilha em um filme de Hitchcock. Ao invés do piano, aqui temos uma música eletrônica bombando que nos deixa em estado de excitação praticamente o tempo todo.

Desde suas primeiras cenas, uma batida eletrônica toca insistentemente no fundo da conversa de Lola no telefone com o namorado. Mas quando algo importante está para ser revelado essa batida aumenta o seu volume. Como na cena em que Manni está contando sobre a encrenca em que se meteu. Quando ele está prestes a confessar para Lola a principal “tolice” que cometeu, a mesma batida que antes servia de fundo para a conversa, se amplifica gradativamente enquanto eles estão em silêncio para que Lola termine de “montar o quebra-cabeça” e dar-se conta do problema. O espectador, que também tem a história sendo contada por imagens, vê-se incluído na mesma situação de Lola e imbuído de ansiedade descobre também naquela hora que Manni havia esquecido a sacola no metrô.

Durante as três corridas de, a música toca uniformemente enquanto ela corre e diminui a cada vez que ela fala com alguém. É como se a música definisse o ritmo para os passos da corredora. O relógio é quase um “símbolo” do discurso fílmico. O primeiro objeto que aparece no filme é um relógio de pêndulo e antes dele o seu “tic tac”. É chamada a atenção também para o barulho dos relógios na casa de Lola e no cassino, por exemplo. No escritório do seu pai, com o seu grito estridente, quebra um relógio de vidro que estava na parede. Como se o grito dela fosse uma súplica para que o tempo parasse. Interessante é que os sons da cidade são sempre sons contínuos de sirenes e afins que demarcam o tempo como relógios.

O filme não conta só com a melodia como também com a letra das músicas para narrar os acontecimentos. Na cena da primeira vez em que Lola chega até Manni, eles roubam o banco. Quando estão fugindo finalmente concretizando seu objetivo a música chega para nos contar um pouco do que vem a seguir: a polícia cerca os dois, atira em Lola e finalmente a música pára. A letra dizia: “What a difference a day makes, Twenty-four little hours…”, nos lembrando novamente como as pequenas causalidades da vida humana, um segundo perdido, já fazem toda a diferença.

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