domingo, 29 de junho de 2008

Fabulário Geral de um Delírio Curitibano - Lucas Niero





Direção: Juliana Sason
Brasil – 2008
16min





Entre os dias 06 e 13 de junho de 2008 foi realizado o 12º FAM, Florianópolis Audiovisual Mercosul. Evento obrigatório para nós, estudantes de cinema da região. O semestre letivo foi interrompido para que os alunos pudessem acompanhar o festival, e ficou definido que os professores deveriam transferir para aquele local suas atividades. Sábia escolha da coordenação do curso, não faria sentindo manter os alunos dentro de uma sala de aula enquanto era realizado um festival deste porte na área de comunicação. Para a disciplina de Crítica e Ánalise do Filme, ficamos encarregados de fazer uma analise de qualquer audiovisual, seja ele longa ou curta-metragem em 35 mm, animação ou vídeo. A minha escolha foi o vídeo paranaense Fabulário Geral de um Delírio Curitibano, dirigido por Juliana Sanson e com Patrícia Saravy no papel da delirante.

O vídeo inicia com o acordar da garota, levanta cambaleando, a noite anterior foi animada e ela não lembra de muitas coisas. Muitas duvidas surgem em sua cabeça, questiona-se sobre um possível acompanhante, mas não lembra de nada. Surge também uma frase que repete várias vezes em sua mente: A mulher do Machado, ficou inchada e foi-se. Ainda de ressaca, a garota sai do apartamento. A frase ainda a persegue. Ela anda sem rumo pela cidade com a frase na cabeça. Ela é assaltada na saída do ônibus, e mesmo assim a frase insiste em aparecer.

“A mulher do Machado, ficou inchada e foi-se” repete freneticamente nos pensamento da garota, que começa a enxergar o Machado e sua esposa inchada a perseguindo pelo centro de Curitiba. Em um café, ela encontra sua vizinha do andar de baixo, ela nem a conhece, e a vizinha que também é a atendente fala que sempre ouve ruídos do apartamento dela. Pergunta então se ela tinha ouvido algo na noite passada, a atendente fala que não. Fica aliviada por não ter feito sexo com o tal acompanhante.

A frase a persegue involuntariamente, pára de pensar nela somente quando outro delírio se sobrepõe, agora ela pensa em uma relação entre os cafés expressos e os antigos ônibus expressos de Curitiba que agora são chamados de bi-articulados e não mais de expressos. Ela se sente bem sem saber por que, isso até alguém entrar no bar e cumprimentar um homem chamado Machado. Histérica, ela sai do bar nervosa, perseguida pelo Machado e sua esposa inchada.

A composição da personagem se dá a partir do psicológico da garota, principalmente com o auxilio da narração de seus pensamentos. O vídeo concentra em sua totalidade o ponto de vista distorcido da protagonista, ela está de ressaca, e pensa como uma pessoa de ressaca, as coisas passam a fazer sentido de maneira diferente, pequenas relações entre coisas do dia-a-dia são suficientes para desencadear uma longa discussão filosófica sobre o assunto.

O roteiro poderia acontecer em qualquer lugar do mundo, mas o regionalismo está fortemente fundamentado na cultura urbana de Curitiba. Sabemos agora de lugares movimentados e costumes da cidade sem mesmo conhecê-la. Curitiba é a personagem coadjuvante do vídeo, a relação entre o espaço urbano e a mente delirante da protagonista se confunde, é uma relação onde os dois fatores influenciam entre si. Mas o maior acerto do vídeo é o seu tom cômico. A mistura de uma frase estranha, uma mente conturbada de ressaca e uma cidade cheia de peculiaridades transformam essa história em uma comédia eficiente.

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