sábado, 28 de junho de 2008

Microfilia - Lívia Bonhsack





Direção: Nehoc Davis
Chile – 2007
73min






Cachorros de rua estão por todos os lados. Sem se importar com a presença das pessoas ou outros cachorros, eles praticam seus atos mais íntimos, de suas necessidades biológicas, ao ato sexual. Não diferenciam o privado do público, entrando onde lhes for de interesse. Para ganhar comida ou um carinho, chamam a atenção como podem.

Exatamente assim que enxerguei as personagens do filme Microfilia, um dos longas metragens exibidos no FAM 2008. O primeiro longa metragem do diretor Nehoc Davis (norte americano radicado no Chile) conta de uma maneira divertida e informal, a história da descoberta do sistema de transporte de um país latino americano em desenvolvimento, com o foco em um ônibus dirigido por uma menina de quinze anos, que desde bem pequena aprendeu com seu pai o ofício.

Os passageiros, mais especificamente, me remeteram à esses cachorros de rua já citados, que no filme também recebem menção, no começo e ao final da narrativa.

No banco ao fundo do ônibus temos um casal de estudantes que passa todo o percurso se beijando e se acariciando como podem, como se estivessem sozinhos em um lugar mais privativo. Três mórmons que não compreendem a língua do país, entram no ônibus sem saber ao certo se vão ter o destino desejado, falando de Deus e coisas religiosas, e acabam se envolvendo sexualmente com outras pessoas do ônibus, um deles de uma forma mais brusca, com uma travesti que entra no ônibus depois e faz sexo oral lá dentro como se não tivessem mais passageiros. Durante o percurso, entram alguns artistas, tocando violão, cantando, fazendo repentes e divertindo os passageiros em troca de esmolas. Uma senhora, ou senhor, o que não dá para definir muito, entra com ar blasé e carregando um cachorro. Esse indivíduo mal tem ações, a não ser quando aproveita que o ônibus pára, depois de um assalto, para pegar um cachorro atropelado na rua, que mais tarde será vendido.

O que alguns filmes tentam de uma forma esconder, ou simplesmente omitir, é o que Microfilia apresenta aos espectadores: essa margem do Chile, onde as pessoas se portam de uma maneira instintiva e animal.


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