domingo, 29 de junho de 2008

Flores e Arranjos - Klaus Schlickmann


Kukkia ja Sidontaa
Direção: Janne Kuusi
Finlândia - 2004

107min



A (não) Importância do Roteiro

A equipe finlandesa que produziu e realizou o filme “Flores e Arranjos” iniciou o projeto a partir de uma idéia um tanto quanto diferente. Ao assistir a peça de um grupo de teatro regional que há anos trabalha com atuação e enredo voltado à improvisação, foi criada a idéia de gravar um filme com a mesma técnica, convidando os atores desse grupo.

Após várias reuniões para analisar a viabilidade de um filme com tal magnitude e dificuldade, as loucuras tiveram um ar do sobriedade. O grupo de teatro que já estava em grande sintonia e acostumados a tal tipo de trabalho improvisado, aceitou o desafio e começaram a realizar um filme sem roteiro. A história foi definida por todos da equipe antes da captação, mas os atores teriam liberdade para dar o rumo que acharem interessante ao decorrer dos dias de gravação.

Uma das maiores dificuldades foi montar o quebra-cabeça das imagens capturadas, para que a edição pudesse realmente render um filme que faça sentido para os espectadores e com uma história a ser contada com todos os capítulos que nos fazem entendê-la.

Toda a trama é em volta de um protagonista ninfomaníaco que dá em cima de todas as mulheres do enredo, causando a fúria dos moradores da cidadezinha finlandesa. A dificuldade proveniente da falta de uma “bola de cristal” para prever as ações do personagens pegou de jeito a equipe de câmera e fotografia, pois personagens apareciam em meio de outras cenas em que não deveriam estar e tinham atitudes inesperadas, tanto para os próprios outros atores, quanto para a equipe técnica.

É aí que se encontra toda a mágica do filme. Pela ausência do roteiro, os atores puderam interpretar de forma livre seus personagens, lapidando com brilhantismo mentes mirabolantes que naturalmente causam estranheza em uma pessoa sã. Desde atitudes estúpidas à intervenções sem sentido, à reação improvisada de ações improvisadas, é a falta do planejamento que torna o enredo interessante e nos trás uma história nunca vista antes. Nunca vista por nós, pelos os atores e pela a equipe técnica.

Nenhum comentário: